quarta-feira, 3 de junho de 2009

Pequena Guerra Social

O sol entra pela janela, acorda os dois amantes, entreolham-se, com um simples pensamento: é bom ter você aqui... Segui também uma gostosa carícia nos rostos, fazem o que têm de fazer e partem, cada um para sua guerra particular no mundo.
Ele, com sua boa visão de mundo, sua paz de espírito tenta passar para as pessoas aquilo que gosta e que pode ser bom pra todos. Quase como um psicólogo, ele investiga, liga os fatos, observa as fontes, pensa (claro), escreve e tenta passar a todos que cercam suas mensagens, da maneira mais simples possível, aquilo que está acontecendo naquele momento, fazendo com que eles questionem e tome suas decisões. Esbarra, sim, na falta de estrutura que o sistema lhe oferece. Entristece-se, por todas as mascaras que o capitalismo o obriga a por, sente vergonha de ser um humano ao ver o que a humanidade fez com ela mesma; de repente o telefone toca, é o alarme de mensagem recebida, é uma de sua esposa, que se lia o seguinte: e se você fosse o pai dos meus filhos... Ao termino da leitura ele olha para o ponto mais distante que não consegui enxerga, senti a boa presença dela e escreve outra mensagem, envia, logo depois com suas forças revigoradas ele continua sua pequena guerra social.
Não tão distante da li estava Ela, com sua seriedade, elegância, beleza, mas sabendo do privilegio que teve de ter nascido na família que nasceu (pois seus pais souberam lhe educar divinamente bem). Ela tenta, e pode passar para todas as pessoas que lhe cercam com amor o que lhe é bom e o que lhe conforta. Como uma jornalista, Ela observa a pessoa em questão, ouve os fatos, imagina o real contexto do individuo, pensa (claro), escreve e depois passa para o outro da maneira mais simples possível os problemas que estão acontecendo no momento tentando o abrir para um questionamento. Ela então senta e se entristece com o rumo que o sistema tomou e pensa “nunca em minha vida vou colocar um ser neste lugar!” Toma um café, acende um cigarro e pensa melhor: “se eu sou uma pessoa boa porque não posso fazer outra para o mundo?” Escreve uma mensagem para o seu marido, envia, minutos depois recebe outra com as seguintes palavras: seriamos uma família... Esta mensagem lhe faz lembrar quando eram simples namorados e se escreviam todas as noites antes de dormirem; também lhe revigora as forças e assim ela continua sua pequena guerra social.
Já em casa, à noite, voltam a se entreolhar: rostos suados, cabelos despenteados, olhos cansados, mas se reconhecem, sentem-se nos cheiros e dentre os milhares, pegam-se como se dissessem este daqui é o odor que eu procuro, então os lábios se recostam e num tom de ironia dizem: vamos tomar um banho. Neste momento todo o verdadeiro amor e paz voltam para os seus lugares de origem.